“Maior” parte de um convite da Companhia Maior a Clara Andermatt, para criar com intérpretes da música, da dança e do teatro, todos com mais de 60 anos.
Retirando a ênfase da idade dos intérpretes, Clara Andermatt afasta-se da evidência sem, no entanto, desperdiçar as características indissociáveis das biografias destes indivíduos: a experiência, a sabedoria, a vulnerabilidade, a realidade de quem nasceu na primeira metade do século XX.
“Maior” explora a noção do belo, a relação dos corpos com os objetos e com os sons. Como suporte dramatúrgico, parte de textos dos próprios intérpretes e, através de um processo de improvisação, procura extrair de cada um o material coreográfico e dramatúrgico que constitui o conteúdo da peça. De certa forma, pode-se dizer que Clara Andermatt personifica os intérpretes ou, aos olhos do espetador, enaltece a humanidade das personagens. A criação da banda sonora assume um papel fundamental: a música das palavras, a música dos objetos, o ritmo do pensamento, o ritmo dos corpos.
Em palco, um espaço sem referências, branco; a cor que reflete todas as cores. O vazio e a luz, clareza máxima. Espaço despido, onde tudo o que o habita ganha uma dimensão recortada, pormenorizada, ampliada, tal como os intérpretes merecem, tal como a coreógrafa os pretende mostrar.